segunda-feira, 29 de junho de 2015
O Texto para Prova do Primeiro ano Politécnico do Érico.
Eis o texto da Professora Ana C. Arantes para leitura obrigatória da prova:
(posto aqui o texto e acima estará o Link do mesmo.
A CULTURA E A EDUCAÇÃO GREGA
Atividades gíminico desportivas e a educação do
efebo
Profa. Dra. ARANTES, Ana Cristina
Docente da disciplina História da Educação
Física, Esporte e Lazer
UNIFIEO
- Osasco
UNIFMU - São Paulo
anacris.arantes@ig.com.br
Introdução
É conveniente lembrar que o ato de ensinar e de
aprender, sempre esteve intimamente ligado a concepção de mundo e de homem que
as civilizações apresentaram.
Não se pode estudar a educação
escolar ou qualquer outra área de conhecimento, sem considerar os pressupostos
filosóficos da sociedade analisada e de algumas instituições que detém o poder.
Assim sendo, já sabemos que a educação escolar esteve sempre atrelada a duas
outras instituições: ao governo e a igreja. Neste sentido, a instituição escolar
concorreu e auxiliou a seu modo, para a perpetuação e desigualdade entre as
pessoas, tanto quanto qualquer outra agência humana que tivesse o poder baseado
na casta, na classe social ou no nível sócio - econômico dos indivíduos.
“O ideal da educação humana é para Protágoras a
culminação da cultura no seu sentido mais amplo. Tudo se engloba nela, desde os
primeiros esforços do homem para dominar a natureza física até o grau supremo
da auto - formação do espírito humano” (JAEGER, 1995:365).
Na Antigüidade, para os gregos o homem educado
fisicamente é verdadeiramente educado e, portanto, belo como esclarece Sócrates
“O belo é idêntico ao bom” (RUBIO, 2002).
A educação não era considerada como
um mero processo de crescimento que o educador alimenta, favorece e guia
deliberadamente. A educação segundo Protágoras pode ser considerada como a
formação da alma e os meios que utiliza como forças formativas. A Educação
Física por sua vez, cultiva o corpo vivo, é ato de formação, análogo ao da
escultura.
A atividade esportiva exerceu
grande influência sobre a formação do homem grego foi considerada como um dos
três pilares da educação da criança e do jovem juntamente com as letras e a
música (JAEGER, 1992, RUBIO, 2002).
Porém a mulher não
tinha o privilégio de praticar as atividades físicas como revelam as obras que
tratam dos Jogos Olímpicos antigos. Essa afirmação pode ser um reflexo da
educação escolar que não era concedida às meninas (mormente em Atenas). A
presença feminina não era permitida nem sequer nos estádios aonde os jogos
ocorriam.
Para TSURUDA (1994) a educação
formal feminina não era uma prática comum na Grécia antiga ”A educação grega
era modelar, centrada na figura do herói” (p.04), Durante séculos a
educação literária tradicional tratou de transmitir às crianças e aos
adolescentes o modelo de conduta de Aquiles que deveriam imitar embora os
gregos tivessem visão universal para a questão educacional.
Interessante saber que na sociedade
grega o homem deveria responder pelas atividades do mundo exterior, da vida
pública e á mulher - esposa legítima - assumida através de acordos entre duas
famílias, a vida deveria ser vivida no interior da casa, praticava as
atividades ligadas á manutenção e a procriação dos filhos, de bens e de
tecidos, o gerenciamento dos escravos, o preparo de alimentos e a guarda dos
tesouros familiares.
A esposa (assim como todas as demais) deveria
ser possuidora de todos os bons atributos; mesmo que pertencesse a
aristocracia, era considerada como uma trabalhadora e o espelho do seu marido
por isso, deveria viver sempre em sintonia com ele. Mesmo por que “na
civilização grega a mulher é um ser incapaz, que não pode desempenhar
adequadamente as funções sem o apoio e supervisão do homem” (TSURUDA,
1994:21).
Em se tratando do primeiro núcleo social a
família - cabe dizer - que as idéias sobre eugenia aperfeiçoamento da raça, a
criação do homem novo, esteve sempre muito presente uma vez que a criança é
produto do Estado e deve servir a este.
Sobre a educação sistematizada, entretanto,
Esparta e Atenas diferiam virtualmente. A educação grega citada por JARDÉ
(1977), apresenta duas formas distintas que servem a dois Estados com metas
diferentes.
O processo escolar em Esparta
Na concepção espartana o homem
deveria ser antes de mais nada, o resultado do cultivo permanente do corpo.
Deveria ser forte, desenvolvido e eficaz em todas as suas ações. O processo de
educação formal em Esparta era totalmente definido pelo Estado. Esta soberania
era exercida tanto nas crianças quanto nos adultos.
“Esta concepção educativa do direito e da
legislação estatal pressupõe a aceitação da influência do Estado sobre a
educação dos seus cidadãos, como nunca aconteceu em parte alguma da Grécia
(...)
“ a ama, a mãe, o pai, o pedagogo rivalizam na
formação da criança, quando lhe ensinam e lhe mostram o que é justo e injusto,
belo e feio. Como um tronco retorcido, buscam endireitá-la com ameaças e
castigos. Depois vai à escola e aprende a ordem, bem como o conhecimento da
leitura, da escrita, e o manejo da lira” (JAERGER, 1995:160).
adiante, escreve o autor
(..) “mais tarde o jovem é levado à escola
de ginástica, onde os pedótribas lhe fortalecem o corpo, para que seja servo
fiel de um espírito vigoroso e para que nunca fracasse na vida por culpa da
debilidade do corpo” (p.161).
Ainda sobre as práticas físicas
orientadas explica o estudioso que “a
finalidade da ginástica pela qual se devem reger em detalhes os
exercícios físicos, não é alcançar a força física de um atleta, mas desenvolver
a coragem de um guerreiro”.
Portanto, como muito acreditam e como o próprio
Platão parecia a princípio entender, a ginástica não tem a missão de educar
exclusivamente o corpo e a música somente a alma. É a alma que ambos educam
primordialmente e são, na visão do autor, necessárias ao bom desenvolvimento do
educando. Esta afirmação de concretiza quando mais a frente escreve “uma
educação meramente ginástica cultiva demais a dureza e a fereza do homem e uma
excessiva educação musical torna o homem muito mole e delicado” (JAERGER,1995:799).
Esta citação parece ser corroborada por FARIA
Jr (s.d) quando, explicando sobre o processo de educação formal - eminentemente
militar e aristocrática ao aprendizado do ofício militar afirma que embora as
suas origens cavalheirescas tivessem sido conservadas, muitos outros traços e
(de) maior riqueza, deveriam ser considerados a começar pelo gosto e a prática
dos desportos hípicos e atléticos. (p. 385).
Quanto à criança a partir dos sete
anos de idade era um cidadão pertinente ao Estado, orientada por magistrado
especial (paidonómos). Agrupada em classes, deveria seguir um programa
uniforme e estabelecido pelo Estado.
O currículo espartano tinha como meta à
formação de bons soldados. Assim sendo, as atividades físicas que fortificavam
o corpo tais como as corridas, o lançamento do disco e do dardo, eram
consideradas como fundamentais para a formação do indivíduo. Visando um cidadão
ágil e forte, as privações (fome, dor, cansaço e a flagelação) e as
intempéries, (o frio ou o calor excessivo), também faziam parte do curriculum
escolar. De igual forma fazia parte do ritual escola dormir em catres muito
simples forrados das folhas que colhiam além de alimentar-se frugalmente.
Vestindo roupas leves, meninos e meninas
praticavam atividades físicas semelhantes. Estas atividades tinham o objetivo
precípuo de “torná-las fortes capazes de procriar filhos vigorosos e robustos”
(JARDÉ, 1977:209). As jovens espartanas de acordo com TSURUDA (s/d) mesmo que
submissas tinham uma alimentação melhor e uma preparação física mais adequada
que as suas companheiras de outras cidades na mesma época. Assim, a educação
moral e prática da atividade física era estimulada com o fito de fortalecer o
corpo feminino pois o corpo forte geraria crianças fortes. A formação e a
constituição da família era, em última análise, um problema do Estado - é nela
que eram gerados os futuros cidadãos da polis.
Nas escolas desta cidade - Estado os estudos de
literatura ainda que fizessem parte do currículo, não representavam sua
principal preocupação. Entretanto, as obras que contivessem cunho moral e que
dignificassem o homem e contassem os feitos eram implementadas tais como os
poemas de Homero e os cantos guerreiros como os de Tirteu.
“Parte da formação do cidadão residia no
processo de purificação do espírito, vigente na idéia de que não era possível a
perfeição sem a beleza do corpo. (...) Não há educação sem o esporte, não há
beleza sem esporte, apenas o homem educado fisicamente é verdadeiramente
educado e portanto belo” (RUBIO, 2002:13).
O ideal de beleza
“ Mas, então, esplêndido como uma flor, você
passará o tempo nos ginásios; Descendo á
Academia, apostará corrida debaixo das oliveiras sagradas, com um rapaz
ajuizado e da mesma idade, coroado com uma verde cana, recendendo a hera,
serenidade e choupo branco no cair das borbulhas, alegre na estação primaveril quando o plátano troca doces murmúrios como o
olmo. Se fizer o que digo, e atentar nesses conselhos, terá sempre peito
robusto, cores brilhantes, ombros largos, língua curta, quadris grandes e
membro pequeno” (Aristofanes,
As nuvens).
E sobre as mulheres ginastas (um diálogo de Aristófanes, Lisístrata)
“Ateniense : bom dia, Lampito, cara amiga
espartana. Você está uma beleza, menina. Pele maravilhosa. Resplandecente ! E
forte. puxa. È capaz de estrangular um
touro.
Espartana: O touro que se cuide, eu posso mesmo
E isso aqui, que tal ? Agora, em Esparta, nós todas estamos praticando uma
ginástica formidável para as nádegas”.
Acrescenta-se a esse diálogo com
preocupação estética a atividade desportiva citada por CARRILLO, (2000:1) na
inscrição encontrada em Esparta que adverte e educa aqueles que duvidavam dos
atributos atléticos femininos “Eu Cyniska, descendente dos reis e Esparta,
coloco esta pedra para recordar a corrida que ganhei com meus pés rápidos,
sendo a única mulher de toda a Grécia a ganhar “
A educação integral de Atenas
O olimpismo ou a educação
olímpica é definido como um “método” ou processo ensino aprendizagem
caracterizado pela idéia (de um programa) no qual se busca a unidade entre
corpo e alma. Esse método que tem por meta o pleno desenvolvimento humano (WONG
& CHEUNG, 2004), vale-se da implementação do esporte na escola.
Para os atenienses, assim como para
todos os gregos a educação era modelar, assentada nos poemas épicos tais como
Ilíada e Odisséia. Durante séculos, a educação literária tradicional, segundo
TSURUDA (1994), centrou-se na memorização e no canto acompanhado da lira,
transmitiu ás crianças e aos adolescentes gregos o ideal de vida e o modelo de
conduta de Aquiles, Ulisses e de Telêmaco dentre outros. Convém ressaltar que
os aspectos negativos também eram analisados com o fito de serem evitados pelos
aprendizes.
Somando-se as
qualidades de coragem, espírito de sacrifício e de urbanidade o homem aristocrático
grego deveria reunir as qualidades de ser hospitaleiro, freqüentar banquetes,
assumir a prática esportiva, o debate político e as guerras. “Viver pouco,
morrer jovem e ser cantado pela posteridade”. Ter honra (timê) e
vergonha (aidós) como valores primordiais (TSURUDA, 1994).
Para os atenienses, a virtude mais importante
era a liberdade; a educação formal não era dirigida pelo Estado.
Exigia-se apenas que os filhos recebessem, da família, orientação elementar.
Embora não houvesse ação direta, as escolas eram supervisionadas pelos os
magistrados que vigiavam a sua ordem e organização. As escolas eram
particulares e seus professores pagos pelas famílias dos estudantes. A
escolarização elementar, ao que tudo indica, tinha caráter democrático; a
disciplina, entretanto, era muito rígida e o aluno recebia punição severa
quando se cometia pequenas faltas.
Objetivando a apresentação do conhecimento
aprendido, ao final do ano, os estudantes passavam por exames podendo ser
recompensados. Em Atenas, o bom cidadão era aquele que sabia ler e nadar.
O currículo ateniense
A educação escolar em Atenas era
composta por três partes (letras, música e ginástica), e possuía professores
especializados.
O gramatista (grammatistés), ensinava a
ler e a escrever ministrando também os primeiros cálculos. Sentado sobre um
tamborete o aluno grafava sobre tábuas pequenas revestidas de cera. A escrita
era feita com um estilete de metal ou marfim cuja ponta permitia sua impressão
e um segundo usado para apagar os caracteres escritos. O estudante lia poemas
de Homero, Sólon e Hesidoro poesias que traziam em sue bojo cunho moral,
narrativas e feitos heróicos.
O citarrista (kitharistés), ensinava o
aluno a tocar a lira e a flauta a cantar e a declamar.
Os exercícios ginásticos eram
realizados na palestra; local aberto cercado de pórticos e decorados com
estátuas de Hermes e de Herácles padroeiro dos jovens e dos atletas. O
orientador das atividades físicas denominava-se pedótriba (paidotribes),
e era assim como os demais profissionais da educação formal, vigiado por um
magistrado. Segundo BRANDÃO (1989), este “professor” assumia um papel bastante
relevante na educação escolar. A ginástica segundo no ensina JARDÉ (1977),
outro autor que escreve sobre educação afirma que esta
”era reservada aos adolescentes.
O menino que freqüentava a escola gramatista desde os sete anos de idade, não
ira à palestra antes dos doze anos e só passava a exercitar-se assiduamente,
quando completava quatorze. Era a sua preparação para a efebia” (p.210).
Os cidadãos ricos prosseguiam seus
estudos freqüentando as escolas dos retores que ensinavam eloqüência e
política. Precisava-se ser racional, defender seus direitos e argumentar. O
homem educado era um orador.
"O caráter de classe da educação grega
aparecia na exigência de que o ensino estimulasse a competição, as virtudes
guerreiras, para assegurar a superioridade militar sobre as classes submetidas
e as regiões conquistadas. O homem bem educado tinha que ser capaz de mandar e
de fazer-se obedecer" (GADOTTI,
1993:30).
Os gregos (atenienses) idealizaram um currículo
que mesclava a educação e a cultura. Visando a formação do homem integral,
implementaram sessões de ginástica para a formação do corpo (domínio motor),
aulas de filosofia e de ciências para a formação das habilidades mentais e
aquelas de música e de artes para a formação do senso estético e moral (domínio
sócio - afetivo).
Os exercícios físicos eram praticados nos
ginásios - principalmente pelos cidadãos - homens livres, nascidos de pai e mãe
atenienses, os únicos a terem direito de possuir terras, gozar de plenos
direitos políticos. Os demais, homens de outra proveniência - metecos ou
estrangeiros com permissão de fixar-se na cidade deveriam exercitar-se em
outros locais. Estes eram protegidos pelas leis, pagavam impostos, prestavam
serviço militar mas, não tinham direito da
posse terra e participar de decisões governamentais.
ARANTES & MEDALHA (1989) sobre o currículo
grego escreveram que“ na Grécia Antiga currículo era reconhecido como
Trivium composto de gramática, retórica e dialética; Quadrivium, composto de
aritmética, geometria, música e astronomia; os quais em conjunto formavam o
Septivium também denominado as sete artes liberais” (p.47).
O Estado ateniense, assim como nas demais
cidades gregas, onde não se conhecia uma regulamentação legal dos referentes á
educação, seguia, segundo Platão, direção contrária aos preceitos familiares e
o legislador por sua vez, não podia opor-se a estas contradições.
O movimento, a personalidade e o jogo
As questões de descendência e linhagem familiar
já estavam regulamentadas. As bases filológicas, eugenésicas para uma
procriação e infância melhor já representavam certa preocupação pois a primeira
infância foi tida como uma fase decisiva de educação moral. De acordo com a
obra Paidéia: a formação do homem grego, as normas médicas e a explícita
necessidade do movimento desde a mais tenra idade, já se encontram prescritas
no postulados daquele povo.
“Os balanços do corpo, com ou sem esforço
próprio, exercem sobre o homem uma ação revigorante como acontece com o
passeio, com o balanço, com os cruzeiros por mar, a equitação e outros tipos de
movimento” (JAERGER,1995:1350).
Platão recomenda que as mães passeiem durante a
gestação e que façam massagem as suas crianças até dois anos de idade.
“O movimento deve ser uma
constante na vida das crianças que de modo nenhum deve - se obrigar a
permanecer quietas. A imobilidade não faz parte da natureza da criança; “o
indicado para sossegar a criança não é o silêncio mas o canto, pois o movimento exterior liberta-a do medo
interior e a sossega” (JAERGER,
1995:1351).
A educação opressiva que traz
sensação de medo não é recomendada. Deve-se educar a criança na alegria, pois
ela oferece as bases para a harmonia e pleno equilíbrio do caráter. Sobre as
atividades recomendadas por Platão para as crianças de 03 a 06 anos,
encontram-se os jogos
“é logo neste período que devem ser combatidos,
por meio de castigos, o amolecimento e o
excesso de sensibilidade da infância” (Mas), “os castigos não devem
suscitar a cólera da criança à qual se
aplicam, nem deixar impunes os seus excessos. Nesta idade, são as crianças,
quando se juntam que devem inventar os seus jogos, sem que lhes sejam
prescritos” (op.cit. p.1353).
Orientados inicialmente pelas
mulheres, meninos e meninas até os seis anos de idade devem estar entregues ao
regime de co-educarão. A educação gímnica é ampliada praticando-se a dança, os
exercícios em círculo tendo em vista a futura educação militar.
Os jogos são para Platão um meio para o
desenvolvimento do “Ethos” adequado; é nele que se concede
liberdade plena à capacidade inventiva das crianças de 3 a 6 anos de idade.
Depreende-se em todas as páginas da obra “Paidéia:
a formação do homem grego”, que as manifestações humanas devem consagrar o
homem político. Todas as atividades, recomendações e prescrições têm apenas uma
meta qual seja, a formação do homem integral ou guerreiro visando a polis.
A prática da Educação Física nas escolas
Em Atenas, embora se valorizasse a
atividade física, havia maior preocupação na formação de um homem político.
A “Educação Física”, para Platão, deveria ser
ministrada por professores nomeados, “inclinava-se a desenvolver
extraordinariamente o conceito de ginástica, ao longo prazo, visavam os exercícios
militares”.
Os professores pagos e ensinavam o tiro e a
lança, o uso da esgrima com armas ligeiras e pesadas, de tática e de todo o
tipo de movimentos de corpos de exército. A atividade física orientada também
compreendia a instalação de acampamentos e a prática da equitação. Para Platão,
todas estas atividades eram entendidas como “ginástica”.
O grande filósofo desejava que se cultivasse o
estilo do homem distinto e livre e as atividades ginásticas serviriam como um
meio para atingir essa meta.
A “Educação Física” fazendo parte dos estudos
secundários compreendia a corrida a pé, o salto em distância, o lançamento de
disco e do dardo, a luta, o boxe, o pancrácio e a ginástica. A dança era
incluída na educação musical junto com o aprendizado da lira.
Evidentemente que os “professores” ensinavam
através da repetição e da inculcação do modelo. Cabia ao aluno repetir,
alcançar o ideal que invariavelmente, estava sempre muito acima das suas
capacidades pessoais.
Ao que tudo indica, não havia individualidade.
Cada um deveria cumprir com o esperado e se espelhar no professor. Quanto menos
se errasse quanto mais próximo à perfeição, (divinamente humana), mais se
assemelhava ao mestre.
Dentro da linha tradicional, privilegiou-se o
mais dócil e o mais hábil. Parece ser inconcebível naquele tempo que cada era
fosse considerado como uma síntese resultante de um processo histórico de vida.
O processo de crescimento e de desenvolvimento
individual dependia não somente da hereditariedade (patrimônio genético), mas
também da experiência advinda do meio ambiente. Ao que os fatos indicam, a
educação tradicional valia-se da quantidade de conteúdos exercitados e
avaliados segundo os padrões impostos pelos superiores; os aspectos pessoais
não foram considerados.
Inserida no currículo escolar, e praticada no
ginásio, a ginástica (e o esporte) eram praticados pelos cidadãos - elite das
cidade - Estado. Para que o recomendado pela Paidéia ocorresse foram criados
especialistas nessas questões. Assim, o gymnastai - figura honorífica
corresponderia aos atuais presidentes ou dirigentes dos clubes e pelo menos,
deveriam ter pelo menos 30 anos de idade. O pedótriba - instrutor ou
técnico cuja autoridade pode ser inferida pois a orientação do efebo dava-se
através do uso de uma vara que lhe conferia autoridade.Com o passar do tempo, o
ginásio ampliou suas funções, servindo além das atividades atléticas para toda
a orientação esportiva da criança e da juventude, ponto de reunião dos gregos
serviu a Platão, Aristóteles e Prodicus a divulgação dos méritos e benefícios
da prática dos exercícios físicos.
A competição exacerbada, entretanto, já se
tinha como algo não recomendado a todos pois, poderia levar o atleta á fadiga,
as perturbações fisiológicas, ao espírito pesado, estatura, disforme e
inclinação pronunciada à violência (RUBIO, 2002).
A disputa gímnico - desportiva
O “atletismo” ou a atividade
atlética é um fenômeno que pode ser encontrado em muitas civilizações orientais
desde o terceiro milênio.
Mas, é somente na Grécia que o esporte
representava mais que o cotidiano. As atividades atléticas faziam parte da
educação; ou era a própria educação formava cidadãos responsáveis
adestrava - se para a guerra.
Os cretenses inventaram as corridas, luta
livre, pugilato e corrida de carros. Depois, vieram às mencionadas por Homero;
lançamento de disco, tiro com arco, luta com as armas, lançamento de dardo e
salto em distância (Odisséia). As corridas de carro foram criadas em honra de
Enómano (ZISSIMOU, sd).
Os jogos realizados em honra dos falecidos
tinha o propósito de mantê-los vivos na memória dos jovens competidores O
evento encerrava-se com um banquete para mais uma vez imortalizar a figura e os
feitos dos atletas mortos.
Os quatro jogos pan helênicos mais
importantes foram realizados nas cidades
a saber (a) Delfos - Jogos
Píticos; em honra de Apolo, (b) Neméia - Jogos Neméicos em honra de Herácriles
ou Hércules,(c) Istimia - Ístimicos realizados em Corinto cujo patrono era
Poseidon o rei dos mares,(d) Olímpia - Olímpicos na cidade de Olímpia cujo
patrono era Zeus .
RUBIO (2002), afirma que outras
celebrações ocorriam eram os Jogos Heranos dedicados a deusa Hera esposa de
Zeus, com a participação exclusiva de mulheres; os jogos Fúnebres que
homenageavam Pátroclo, considerados como os precursores dos Jogos Olímpicos e
as Panatéias em honra a Athenas.
Na ilha de Creta, conta-se que Héracles propôs
um concurso pedestre para que se exercitassem na corrida, originando o primeiro
gênero de competição o atletismo.
Na tentativa de manter a lenda as obras
literárias e épicas mesclavam mito e homem afirmando que os atletas tomavam a
força dos heróis.
Segundo FARIA Jr (s.d)
“nos tempos homéricos, os jogos,
ás vezes livres e espontâneos, constituíam o aspecto dominante da vida dos
cavaleiros. Outras vezes, os jogos constituíam manifestação solene, organizada
e regulamentada, como nos jogos fúnebres em honra a Pátroclo, os quais incluíam
o boxe, a luta, a corrida, a justa, o arremesso de peso e do dardo o tiro de arco e a corrida de carros (p. 385).
Pequena história sobre os Jogos Olímpicos
Os jogos foram criados por
Hércules ou Heráclito. Ideos foi o primeiro homem que demarcou o tamanho do
estádio, o estádio de Olímpia; pôs seus irmãos como competidores e coroou o
vencedor da prova como folhas de oliveira. Ideos também marcou a periodicidade
do evento tendo como critério inicial a quantidade de irmãos que possuía
(cinco) ZISSIMOU (sd).
Os Jogos Olímpicos localizavam-se a
setenta metros de altitude, em um vale entre os Rios Alfeo e Cladeo. Embora
habitado desde 2800 aC. foi transformado em santuário no século XII aC. Neste
tempo, a Gea (Terra) foi tocada por Zeus, figura masculina, deus dos deuses e
deus dos mortais.
Não há data precisa sobre o início
dos Jogos, há indícios que se iniciaram no século X aC. mas desde o século
VIII, ou no ano de 776 aC. já se inscreviam o nome dos jovens vencedores das
provas em tábuas especiais e catálogos olímpicos.
Olímpia era um lugar simples; um
bosque rodeado por muretes, edificações comuns com altares e templos. A administração
dos jogos foi disputada pelas cidades de Pisa e Elis e, antes dos romanos,
somente os gregos poderiam participar do evento. Os efebos - os jovens atletas
que vencessem das provas em Elis - Olímpia, eram coroados com folhas de
oliveira. Nas demais cidades aonde os eventos se realizavam, os vencedores
recebiam como prêmio coroa de louros como em Delfos ou outros tipos de adorno
feitos com folhas de pinus (preferencialmente) como os jogos realizados em
Neméia.
Convém ressaltar que o termo Olimpíada
deve ser entendido como o tempo limitado entre o término de um evento e o
início do próximo. Este “espaço” funcionou também como medição do tempo para os
gregos.
Quanto á divulgação dos jogos era
feita pelos emissários, pessoas designadas que saíam de Olímpia e a cada quatro
anos estes eventos tomavam o lugar dos enfrentamentos entre as cidades de modo
a garantir o desenvolvimento pacífico dos mesmos bem como auxiliar no
deslocamento dos espectadores que chegavam de todos os lados (incluindo
posteriormente a Magna Grécia - Nápoles, Siracusa, Agrigento, Sicília, depois
Marselha, Alexandria e Turquia. O tempo da realização dos Jogos era considerado
como um tempo da trégua sagrada (ekekhelría). As mulheres desnecessário
dizer, estavam excluídas destas provas.
Os competidores e os aspectos nutricionais
“O
esforço físico é o alimento para os membros e para os músculos, o sono é para
estranhas.
Pensar é para o homem o passeio da alma”
(JAEGUER,1995:1040).
Os atletas espartanos devido ao
tipo de exigências a que eram submetidos, foram sempre os grandes vencedores em
grande parte das contendas. Os sucesso obtido nos jogos 46 atletas (um total de
81 ganhadores entre os períodos de 702- 576 a .C.), esclarece FARIAS Jr, eram
devido não somente ás qualidades e sues atletas mas também ao tipo de
treinamento (e de alimentação- grifo nosso), a que eram submetidos. “Com o
fito de alcançarem resultados cada vez melhores novas técnicas de regimes
alimentares especiais foram introduzidas no treinamento atlético aumentou-se o
consumo de carne por exemplo”. MCARDLE et al (2001) escreve em sua obra “Nutrição
para o desporto e exercício” que poetas e filósofos sobre o treinamento de
atletas afirmaram que os mesmos consumiam várias carnes de animais bois,
cabras, touros e aves. Consumiam também queijos moles, e trigo, figos secos misturas
especiais e bebidas alcoólicas.
Ainda em se tratando segundo de alimentação
FLANDRIR & MONTANARI (1998) citando Longo afirmam que
“para um grego, os homens são em
primeiro lugar, “comedores de pão” e, de qualquer forma, consumidores de
cereais- cevada e trigo cozidos, de uma maneira ou de outra. Essa alimentação à
base de cereal distingue os gregos não apenas dos povos não agricultores, mas,
também, daqueles que cultivam e consomem outros tipos de cereais”
(p. 266).
O binômio alimentação e a atividade física
competitiva, JAEGUER (1995) acrescenta que
“os gregos sempre consideraram o atleta como um
protótipo da força física, e, um vez que os guerreiros são chamados a ser
atletas das lutas mais importantes, parece que o mais lógico e natural será
tomar como exemplo para eles o método já tão desenvolvido da formação de
atletas. Platão, porém não toma forma alguma por modelo as demais regras que os
atletas têm de observar quanto a alimentação, estas regras tomam os atletas
excessivamente sensíveis e sujeitam-nos em demasia à sua dieta; e
principalmente o seu hábito de dormir muito não é o mais indicado para quem
deve ser a vigilância em pessoa
(p.795).
Este tipo de alimentação aplicada
ao cidadão somada aos esforços físicos, deve orientar o homem comum não à
aptidão física necessária a um competidor mas, contribuir para o
desenvolvimento da coragem - muito importante para um guerreiro (JAEGUER,
1995:799).
A medida em que ocorria a evolução
da prática motora visando o resultado, a moralidade esportiva também sofreu
alterações. De acordo com FARIAS Jr, (s,d) com os sofistas a educação
intelectualizou-se e o deporto reconfigurou-se; perdeu o lugar de honra que
ocupava na cultura grega arcaica mas deixou de ser o objetivo principal da
juventude grega.
A cidade de Esparta também é responsável pela
introdução dos óleos para as massagens e a nudez completa do praticante.
A nudez para competir
Etmológicamente o termo gimnós significa
desnudo ou ginásio; local onde se pratica exercícios físicos sem roupa.
O corpo humano era visto com
respeito e veneração. Significava a encanação do atleta e do herói que era
representado nas pinturas, na escultura ou na cerâmica. A princípio usavam tapa
sexo mas, segundo Pausânias, (ZISSIMOU, s.d) Orsipo de Mégara 720aC. perdeu a
sumária indumentária no percurso da corrida. Mesmo assim continuou correndo
chegando em primeiro lugar e assim foi coroado. A partir de então em todas as
provas os participantes se apresentassem nus.
Depois, uma nova prática gímnico desportiva
A partir dos sofistas ou quando o
valor das atividades gímnico assumiram um outro valor, reconhecia-se então dois
tipos de ginástica (a) orquéstica “com objetivo de atingir o bom estado
físico e desenvolver a agilidade, a beleza das formas, a euritmia que cada um
dos membros dá a seu próprio movimento” e a (b) paléstrica, relacionada
tanto com todos os aspectos que dependem da luta e a ela se aplicam, como o
desejo de sucesso e uma forma elegante de se comportar, quanto para adquirir
vigor e saúde, como se lê nas Leis de Platão” (FARIAS Jr, s.d :387).
Referências
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histórica de currículo: definições, abordagem histórica e modelos específicos
em educação física. Revista paulista de Educação Física. São Paulo,
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da alimentação. São Paulo, Estação Liberdade. 1998. p. 266.
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pedagógicas. São Paulo: Ática. 1993. 319p.
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domingo, 28 de junho de 2015
Ativide de aula dia 29-30/06 e 03/07
Aula dia 29-30/06 e 03-07
Questões de interpretação do texto do livro.
1-
Qual a definição de DEMOCRACI para os gregos
apresentada no texto?
2-
Defina, de acordo com o texto, o que seria o
LEGADO GREGO para a cultura ocidental;
3-
Quais os poemas épicos que estão entre as fontes
literárias da cultura grega antiga?
4-
Qual o significado da palavra HISTÓRIA e qual a importância do “personagem” HERÓDOTO?
5-
O que explica (quais fatores) a economia grega
ser baseada no comercio marítimo?
6-
O que pôs fim (ou ao menos contribuiu) para o
fim da civilização Creto-Micênica?
7-
O que era o GENÓS ou as comunidades Gentílicas
descritas nos poemas de Homero e que caracterizam o período anterior ao ARCAICO
na História dos Gregos?
8-
Quem eram os EUPÁTRIDAS?
9-
O que provocou a SEGUNDA DIÁSPORA das
comunidades Gregas?
10-
O que era a ACRÓPOLE?
11-
Quem ou o que era o BASILEUS?
12-
Defina o que é OLIGARQUIA e ARISTOCRACIA;
quinta-feira, 18 de junho de 2015
Aluns Sites para procurar.
CIMÉRIOS
http://pt.wikipedia.org/wiki/
http://www.klick.com.br/enciclo/encicloverb/0,5977,POR-6204,00.html
OLMECAS
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